14.5.10

New Media Art #01

«Em cada período da história da arte, os artistas produzem as suas obras através dos meios e das técnicas que pertencem ao seu tempo. Os meios e as técnicas provocam mudanças na percepção humana, afectando a nossa maneira de conhecer o mundo, a nossas formas de representar esse conhecimento e as nossas maneiras de transmitir essas representações.» (Lévy, 2003)

Até ao século XIX, os objectos artísticos eram produzidos artesanalmente. Com a Revolução Industrial surgiu um dos elementos mais significativos da história da arte - a máquina fotográfica - “um sintetizador de conhecimentos químicos, matemáticos, ópticos e mecânicos” (Liesen, 2005: 2).

Como Lúcia Santaella (2003: 152) salienta “o aparecimento da fotografia marca o fim da exclusividade das artes artesanais e o nascimento das artes tecnológicas”. Walter Benjamin, mostrou como a fotografia, ao iniciar a era da reprodução mecânica das obras artísticas suscitou uma variedade de problemas estéticos e materiais que influenciaram o imaginário artístico do início do século XX.O artista moderno não podia ignorar as questões “do tempo, do espaço, do fragmentário, do efémero” (Liesen, 2005: 3).

A sua posição definiria as suas bases estéticas, que ganhavam corpo, através das vanguardas artísticas. As vanguardas provocaram uma crise nos suportes tradicionais da arte para procurarem novos meios onde pudessem melhor representar o seu tempo. É neste contexto, e mediante a criação artística, que os artistas do início do século XX juntam as novas tecnologias aos objectos industriais. Ao propor a colocação de um urinol dentro de um museu, Marcel Duchamp em 1917, constituiu o processo de readymade, no qual a arte se confunde com elementos encontrados no quotidiano.

Foi na segunda metade do século XX, que ocorreu uma mudança bastante significativa no imaginário social, com o cinema, a rádio, o jornal e a televisão, a cultura de massas encontrou estabilidade. As grandes descobertas no campo da ciência como a do ADN, descoberto por James Watson e Francis Crickem, 1953, o surgimento de novas tecnologias como o chip desenvolvido por Robert Noyce, Jean Hoerni, Jack Kilby e Kurt Lehovec em 1959, abriram novas possibilidades para o imaginário artístico.Como Walter Benjamin propôs ao analisar o cinema e a fotografia no início do século XX, o mais importante não é saber se objectos e eventos produzidos com as novas tecnologias digitais podem ser considerados “artísticos”, o essencial é perceber qual a existência dessas obras, a sua expansão e a sua presença no quotidiano, “como agem dialogicamente com a sociedade” (Liesen, 2005: 4), indicando mudanças no imaginário a partir de novas formas de sentir, e das novas maneiras de viver através das novas tecnologias.Os artistas exploraram espaços alternativos como a rádio, o vídeo, a televisão ou os espaços públicos - que ganhavam forma de cenários urbanos ou as paisagens naturais e que ofereciam novos desafios e possibilidades. As manifestações públicas de vídeo arte de Nam June Paik ou projectos de Land Art de Christo e Jeanne, são alguns exemplos. Estes trabalhos têm em comum o facto de não estarem inseridos em formatos padronizados e de romperem com as expectativas do público. Estes artistas permitiram expandir a imaginação pública e revelar possibilidades sem precedentes.